revista fevereiro - "política, teoria, cultura"

   POLÍTICATEORIACULTURA                                                                                                     ISSN 2236-2037

Louis ARAGON

“les lilas et les roses”

 

O mois des floraisons mois des métamorphoses
Mai qui fut sans nuage et Juin poignardé
Je n'oublierai jamais les lilas ni les roses
Ni ceux que le printemps dans les plis a gardés


Je n'oublierai jamais l'illusion tragique
Le cortège les cris la foule et le soleil
Les chars chargés d'amour les dons de la Belgique
L'air qui tremble et la route à ce bourdon d'abeilles
Le triomphe imprudent qui prime la querelle
Le sang que préfigure en carmin le baiser
Et ceux qui vont mourir debout dans les tourelles
Entourés de lilas par un peuple grisé


Je n'oublierai jamais les jardins de la France
Semblables aux missels des siècles disparus
Ni le trouble des soirs l'énigme du silence
Les roses tout le long du chemin parcouru
Le démenti des fleurs au vent de la panique
Aux soldats qui passaient sur l'aile de la peur
Aux vélos délirants aux canons ironiques
Au pitoyable accoutrement des faux campeurs


Mais je ne sais pourquoi ce tourbillon d'images
Me ramène toujours au même point d'arrêt
A Sainte-Marthe Un général De noirs ramages
Une villa normande au bord de la forêt
Tout se tait L'ennemi dans l'ombre se repose
On nous a dit ce soir que Paris s'est rendu
Je n'oublierai jamais les lilas ni les roses
Et ni les deux amours que nous avons perdus


Bouquets du premier jour lilas lilas des Flandres
Douceur de l'ombre dont la mort farde les joues
Et vous bouquets de la retraite roses tendres
Couleur de l'incendie au loin roses d'Anjou


tradução: Marcela VIEIRA


“os lilases e as rosas” – Louis Aragon


Oh mês das florações e das metamorfoses
Maio que se foi sem nuvens e Junho apunhalado
Nunca esquecerei os lilases nem as rosas
Nem os que a primavera em suas copas guardou


Nunca esquecerei a ilusão trágica
O cortejo os brados a multidão e o sol
Os tanques de paixão as doações da Bélgica
O ar tremente e o rumo ao enxame de abelhas
O triunfo imprudente que preza o conflito
O sangue que em carmim prefigura o beijo
E os que envoltos de lilases por um povo ébrio
De pé morrerão nos torreões


Nunca esquecerei os jardins da França
Parecidos aos missais dos findados séculos
Nem a agitação das noites o enigma do silêncio
As rosas ao longo do caminho percorrido
A resistência das flores ao vento do pânico
Aos soldados que passavam numa onda de medo
Às bicicletas delirantes aos irônicos canhões
À deplorável vestimenta dos falsos acampados


Mas não compreendo como esse turbilhão de imagens
Conduzem-me sempre ao mesmo fadário
À Santa Marta Um general Negras ramagens 
Uma cidade normanda à beira da mata
Tudo se cala O inimigo na sombra descansa
Nesta noite anunciaram a rendição de Paris
Nunca esquecerei os lilases nem as rosas
E nem aqueles dois amores perdidos


Buquês do primeiro dia lilás lilases de Flandres
Brandura da sombra cuja morte os rostos disfarça
E vossos buquês da retirada suaves rosas
Cores de incêndio distantes rosas de Anjou




Deyson GILBERT































fevereiro #

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