revista fevereiro - "política, teoria, cultura"

   POLÍTICATEORIACULTURA                                                                                                     ISSN 2236-2037

 

apresentação

 

Este terceiro número de Fevereiro continua a acolher novas pautas e novos colaboradores, além de retomar suas preocupações editorais fundamentais. Desta vez, a questão ecológica ganha destaque, com um artigo que problematiza a relação entre economia, desenvolvimento e meio ambiente. Assunto editorial do primeiro número da revista, a política externa do governo Lula retorna agora através de um artigo abrangente e contundente. Mas o número abre-se também para o debate filosófico, com artigos sobre os fundamentos da psicanálise e sobre o pensamento de Merleau-Ponty. E mais: um ensaio sobre o cinema de Godard – uma análise de seu último filme –, e as traduções de um conto de Isaac Bábel e de um poema de Georges Bataille.


O principal tema da conjuntura mundial é, sem dúvida, as revoltas árabes. Embora ainda vá merecer maiores análises e discussões nos próximos números, a presente edição enfrentou o desafio de colocá-lo na pauta. Assim, para iniciar a reflexão, o leitor encontrará um artigo que procura sintetizar a evolução dos acontecimentos e dar uma interpretação de seus possíveis significados.


Mais uma vez, o mundo árabe surpreende a todos. E desconcerta profundamente, em particular aqueles que, no chamado Ocidente, gostam de compreender a vida política e social através de estereótipos e fórmulas dogmáticas. Mas o terremoto dos fatos embaralha o jogo dos poderes estabelecidos e subverte todas as expectativas. Ditaduras e autoritarismos das mais diversas qualificações ideológicas são abaladas até seus alicerces. Regimes opressivos e seus aliados de longa data, sejam eles “pró-imperialistas” ou “anti-imperialistas”, “tradicionais” ou “modernos”, vêem-se acuados diante de movimentos de protesto massivos e públicos. Estes demonstram uma coragem e uma determinação que há muito não se via em qualquer parte do mundo.


Estamos nos valendo aqui do termo “revolta”, por falta de algo melhor, mas no fundo ainda pouco sabemos do que se trata. Nem mesmo conhecemos ao certo as palavras que os protagonistas desse evento maior empregam para dar sentido ao que fazem! Com base em nossas próprias tradições discursivas – aquelas que aprendemos a reivindicar para entender um mundo familiar – somos muito tentados a falar de uma “revolução”, item carregadíssimo do vocabulário político, mas que não deixa de ser provocativo. Pois não é verdade que muitos o consideravam letra bem morta da história mundial?


Eis aí um motivo a mais para continuarmos o acerto de contas com as grandes idéias, as grandes visões que nortearam e ainda norteiam a política que nos é próxima. Neste número, o leitor voltará a encontrar, portanto, indagações teóricas sobre direita e esquerda, revolução, violência e democracia. E, para fechar, dando sequência à homenagem deste filósofo recém-falecido, publicamos no original francês a entrevista de Claude Lefort traduzida na edição anterior.































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