POLÍTICATEORIA
CULTURA
ISSN 2236-2037
Personalidades estranhas surgem nas fendas de instituições em desintegração. Elas são geralmente marcadas por vestimentas extravagantes, retórica inflada e uma demonstração de poder sexual. O primeiro Trump do pós-guerra foi o rebelde fiscal dinamarquês Morgens Glistrup, o fundador do nacionalista Partido Progressista, que, tendo colocado seus princípios em prática, fora preso por evasão fiscal. Geert Wilders na Holanda e Boris Johnson na Inglaterra são Trumps até em seuspenteados. Pim Fortuyn e Jörg Haider foram ambos dandies. Eles morreram com suas melhores roupas e adereços. Beppe Grillo, Nigel Faarage e Jean-Marie Le Pen, são um terço de um Trump cada um. Bonapartismo No Dezoito Brumário de Luís Bonaparte, Karl Marx contou o golpe de Estado de 1851, por meio do qual o sobrinho de Napoleão I, Luís Bonaparte, tomou o poder, governando a França primeiro como presidente e, um ano depois, como imperador.7 Ele governou como Napoleão III até 1871, quando o exército prussiano sob o comando de Helmuth von Moltke colocou um fim a sua administração, e também a seu amour-propre. Marx descreveu o bonapartismo como uma forma de governo personalista. Elesurgiu, argumentou Marx, em sociedades europeias imobilizadas,com uma classe capitalista muito dividida, e uma classe trabalhadora muito desorganizada, para influenciar ou orientaro governo. O resultado foi um grau de relativa autonomia estatal, expressando, mesmo que de forma mascarada, um impasse entre classes sociais.8 A morte da centro-esquerda No último quarto de século, a centro-esquerda fez um compromisso histórico com o internacionalismo, um movimento que tanto promove quanto exigeuma modernização econômica e social. Agora ele está caindo em desuso. É contra esse pano de fundo que Trump e o trumpismo precisam ser entendidos. Nos anos 1990, a centro-esquerda depositou suas esperanças nos mercados internacionais desregulamentados para restaurar o crescimento e consolidar as finanças públicas. Um esforço mundial de restruturação industrial e social se seguiu. A competição internacional pressionou as economias nacionais a se tornarem mais eficientes. Os perdedores foram punidos com salários mais baixos e uma rede de seguridade social reduzida. Os vencedores foram recompensados com maiores lucros e menores impostos. Políticas públicas com esses efeitos dificilmente seriam vendidas para eleitores de centro-esquerda, então elas foram atribuídas à força natural e irresistível da globalização. Nesse sentido, a centro-esquerda esperava escapar da responsabilidade da dor infligida àqueles que a constituem. O amargo remédio não funcionou; e tampouco a centro-esquerda angariou imunidade política. Em todos os países do mundo capitalista desenvolvido, o número de perdedores aumentou até que empresários políticos sentiram a oportunidade e entraram na cena pública. Classe, status, partido Há quase um século, Max Weber operou uma distinção entre classe e status.16 Classes são constituídas pelo mercado; grupos de status, por um estilo de vida particular e uma reivindicação específica por respeito social. Grupos de status são comunidades sociais locais; classes se tornam classes apenas através da organização. A máquina eleitoral Trumpista mobiliza seus apoiadores como um grupo de status. Ela apela para seu senso compartilhado de honra mais do que para seus interesses materiais17 . Nisso, o Trumpismo segue o neoliberalismo do New Labour e dos New Democrats,18 que deletaram a noção de classe de seu vocabulário político. Em seu lugar, eles redefiniram a luta por igualdade social como sendo uma luta pela identidade, ou seja, pelo reconhecimento simbólico e pela dignidade coletiva de um número indefinido de grupos de status cada vez mais específicos. O neoliberalismo não conseguiu antecipar que a perpétua descoberta de novas minorias por especialistas e políticos poderia fazer a desmobilizada classe trabalhadora se sentir abandonada em favor de interesses especiais. Sua descoberta e sagração inevitavelmente rebaixaram os interesses da classe trabalhadora. À medida que os EUA foram transformados em uma política de grupos de status, a classe trabalhadora perdeu seu sentido de identificação com o país como um todo, apenas porque é essa a classe, reduzida a uma identidade e interesse entre outros, que agora é culpada por uma rica variedade de maldades sociais, do racismo e do sexismo à violência armada e ao declínio educacional e industrial.19 Cidades versusinteriores Entre as rachaduras estruturais nas sociedades contemporâneas nas quais o trumpismo floresceu está uma clivagem que cresce rapidamente entre as cidades e o interior mais ou menos rural e desindustrializado. Cidades são o crescente polo das sociedades pós-industriais. Elas são internacionais, cosmopolitas, e politicamente pró-imigração, em parte porque seu sucesso na competição global depende de sua habilidade em atrair talento de todas as partes do mundo. Cidades também necessitam de uma oferta de trabalhadores pouco qualificados e com baixa remuneração, que limpam escritórios, providenciam segurança, preparam refeições nos restaurantes, entregam encomendas, e cuidam das crianças de famílias com carreira dupla.26 A classe média branca já não suporta mais bancar os aluguéis urbanos sempre em alta; eles se encontram vivendo em crescentes comunidades de imigrantes, ou partem e se mudam para pequenas cidades do interior.27 Políticado ressentimento A modernização neoliberal veio junto com um programa de reeducação cultural. As reformas econômicas neoliberais e aguerra da esquerda-liberal contra a tradição,empreendida pelas elites metropolitanas, estão em conexão.A primeira serve como cobertura para a segunda. Ela rouba espaço da política econômica no debate público. Mas ambas versam sobreuma redefinição da solidariedade social e da igualdade econômica. Comunidades sociais baseadas em um sentimento compartilhado estão sempre correndo o risco de abrigar ou recair em uma atitude hostil contra o progresso capitalista. O neoliberalismo defende a conquista individual sobre a solidariedade coletiva. Nos termos da análise seminal de T.H. Marshall sobre o Estado de Bem-Estar europeu, isso equivale a uma reversão do movimento de direitos sociais de proteção coletiva baseados na cidadania em uma comunidade política (nacional) para direitos civis de igualdade de participação em mercados (supranacionais).28 Sobre a capacidade de governar do trumpismo Trump pode governar? Le Pen conseguiria? E Grillo? Em um sistema degoverno personalista, defeitos pessoais importam: narcisismo, volubilidade, déficit deatenção. Ainda veremos se Trump tem o tempo, e, de fato, a vontade, para estudar dossiês ou até mesmo para ouvir conselhos.37 A performance de Trump durante suas primeiras semanas no ofício foi errática, bagunçada e incompetente. No início de sua presidência, parecia concebível que ele pudesse renunciar na primeira metade do mandato, talvez minadopelas agências de inteligênciaque ele havia insultado durante sua campanha. Ele poderia também ser forçado a renunciar em razão de conflitos de interesse, ou se declarar impedido de servir, sob a 25ª emenda.38 Os nomeações de seugabinete, por outro lado, indicam uma tentativa de reconciliação tanto com os militares quanto com o establishment de segurança nacional, comprando a estabilidade no cargo com concessõespolíticas, especialmente sobre a OTAN, a Rússia, e em assuntos globais em geral.
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ilustração: Rafael MORALEZ
1 Sociólogo alemão e diretor do Instituto Max Planck para o Estudo de Sociedades
2 O artigo original encontra-se em: http://inference-review.com/article/trump-and-the-trumpists.
3 Este artigo não é sobre o populismo em geral, mas apenas sobre um subtipo dele, que eu chamo de trumpismo. O populismo tem uma longa e por vezes digna história, que remonta à era progressista dos EUA com o Minnesota Famer-Labor Party e “Fighting Bob” La Follette’s Progressive Party – e em todo caso há populismo de esquerda assim como de direita (Ernesto Laclau, On Populist Reason (London: Verso, 2005); Chantal Mouffe, On the Political (Abingdon: Routledge, 2005). Hoje o populismo se tornou uma palavra pejorativa, usado pelos partidos ligados ao establishment da democracia capitalista do pós-guerra para não dar crédito para seus novos desafios, de ambos os lados do espectro político.
4 “Tornar a América grande novamente” foi o slogan político da campanha de Trump para a presidência dos EUA. [Nota do tradutor]
5 O termo “liberal” em inglês tem um significado mais próximo do que chamamos de “esquerda”. Cabe, no entanto, uma observação. Como nas últimas décadas a esquerda americana se aproximou muito das discussões sobre política identitária e praticamente deixou de abordar a questão de classes – como o próprio texto procura mostrar –, o termo “liberal” passou a descrever esse tipo ideológico: a aceitação, e mesmo naturalização, dos processos econômicos neoliberais, junto com uma ferrenha luta a favor de políticas de identidade. Por outro lado, mais recentemente, com a candidatura de Bernie Sanders e a volta do debate sobre classes sociais e desigualdade econômica dentro do Partido Democrata, o termo “progressive” passou a ser adotado para designar uma esquerda mais radical. Portanto, traduziremos a palavra “liberal” como “esquerda liberal”.[Nota do Tradutor]
6 Da mesma forma, trumpistas europeus insistem, com mais e mais sucesso, nas questões acerca do que exatamente a “união cada vez mais estreita do povo europeu”,tal como previsto pelos tratados da União Europeia, significa e o que o status dos Estados-nação dentro dessa união deve significar – um assunto que é estritamente abafado na Europa oficial.
7 Karl Marx, The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte (New York: Mondial 2005).
8 Dentro do marxismo ortodoxo, o conceito de bonapartismo representa o mais significativo desvio do paradigma fundamental de base-superestrutura.
9 Como Marx escreve sobre Bonaparte: “Apenas porque era nada é ele que poderia ser qualquer coisa.” Citado por Francis Wheen, Karl Marx: A Life (London: W.W. Norton & Co., 2001), p.157.
10 “Hegel nota em algum lugar que todos os grandes fatos e personagens da história mundial aparecem, por assim dizer, duas vezes. Ele se esqueceu de acrescentar: a primeira como tragédia, a segunda, como farsa.” Karl Marx, The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte, chap.1.
11 Jonathan Ostry, Prakash Loungani, and Davide Furceri, “Neoliberalism: Oversold?” Finance & Development 53, no. 2 (2016): 38–41.
12 See Wolfgang Streeck, Buying Time: The Delayed Crisis of Democratic Capitalism(London: Verso Books, 2014); Mervyn King, The End of Alchemy: Money, Banking, and the Future of the Global Economy (London: W. W. Norton & Company, 2016).
13 O conceito de desorganização social é ilustrado no capítulo 7 do Dezoito Brumário onde Marx explica por que os camponeses franceses, a principal fonte de apoio de Luís Napoleão, eram incapazes de governar como uma classe ainda que eles fossem a vasta maioria dos cidadãos franceses: “Cada família camponesa tomada individualmente é quase autossuficiente, produz diretamente a maior parte do que necessita, e assim adquire seus meios de vida mais através da troca com a natureza do que em relação com a sociedade... Logo a grande massa da nação francesa é formada pela simples adição de magnitudes homólogas, assim como batatas em um saco formam um saco de batatas.” (Karl Marx, The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte, chap. VII.)
14 O que, dada a desordem de seu próprio campo, talvez tivesse ficado feliz com Clinton ganhando a presidência e depois atendendo às demandas núcleo duro do partido Republicano: o capitalismo financeiro.
15 Para um testemunho ocular fascinante de como Obama experimentou e reagiu à derrota do projeto neoliberal de centro-esquerda, ver David Remnick, “It Happened Here: A Presidente Confronts na Election that Changes Everything – and Imperils his Legacy”, The New Yorker, November 28, 2016, 54–65.
16 Max Weber, Economy and Society: An Outline of Interpretive Sociology, ed. Günther Roth and Claus Wittich, 2 vols. (Berkeley: University of California Press, 1978).
17 É por isso que líderes Trumpistas podem ser, e geralmente são, pessoas de muita riqueza mesmo que seus seguidores sejam pobres; ver Luís Bonaparte e seus apoiadores camponeses. Por outro lado, enquanto líderes como Trump podem ser ricos, eles são tipicamente considerados novos ricos por famílias de grande e antiga riqueza.
18 New Labour e New Democratas se referem a tendências surgidas nos ano 1990 dentro do Partido Trabalhista inglês e do Partido Democrata norte-americano respectivamente. As duas se assemelham no sentido de buscar uma renovação da esquerda por meio da construção da chamada Terceira Via. O direcionamento ao centro do espectro político daria o tom dessa renovação, caracterizada sobretudo por uma aceitação dos processos econômicos impostos pela globalização neoliberal. [Nota do Tradutor]
19 A política Trumpista de honra e respeito tem um desempenho diferente em ambientes nacionais distintos. Uma razão por que os alemães do leste, generosamente subsidiados pelo governo federal, tão frequentemente votam no Die Linke ou na AfD parece ser que eles acham que suas biografias não são adequadamente apreciadas no país unificado.
20 Em 2012, 90 milhões de votantes de 220 milhões ficaram em casa (41%), em 2016 foram 93 milhões de 230 milhões (40%).
21 Há relatos de que a riqueza da família Clinton cresceu de menos 8 milhões de dólares em 2000 para aproximadamente 110 milhões de dólares em 2016. Tom Gerencer, “Hillary Clinton Net Worth,” Money Nation, November 1, 2016. Desatrelar os recursos da família daqueles da Clinton Foundation parece difícil – o que sem dúvida contribuiu para suspeitas generalizadas de corrupção, levantadas pelo servidor de e-mail privado usado por Clinton enquanto era Secretária de Estado, e as taxas cobradas por Clinton para fazer discursosno Goldman Sachs (675 mil dólares por três aparições) com conteúdos que ela se recusou a revelar. Que Trump seja muito mais rico que Clinton aparentemente não teve importância para seus eleitores porque ele fez sua fortuna, no sentido de que ele não a herdou, como um homem de negócios mais do que como um político – o primeiro sendo considerado legítimo, e, o segundo, não.
22 Sobre as devastações que assolaram a classe trabalhadora americana em razão da desindustrialização, ver o mais recente estudo de Anne Case e Angus Deaton, “Mortality and morbidity in the 21st Century,” Brookings Papers on Economic Activity, March 17, 2017.
23 Como David Pual Kuhn, com base em dados de pesquisa, escreveu no The New York Times em 26 de dezembro de 2016:“Sem rodeios, grande parte da classe trabalhadora branca decidiu que o Sr. Trump poderia ser um idiota. Ausente qualquer outro campeão, eles apoiaram o idiota que achavam que estava mais do seu lado - isto é, sobre as questões que mais os preocupavam.”David Paul Kuhn, “Sorry, Liberals. Bigotry Didn’t Elect Donald Trump,” The New York Times, December 26, 2016. ↩
24 Indicando que a tentativa de forjar um grupo de status politicamente unitário de mulheres de diferentes classes falhou. Mulheres negras (e imigrantes) talvez tenham notado que seus baixos salários como trabalhadoras eram instrumentos para o progresso da carreira das mulheres brancas.
25 Em relação a isso, o impacto das chamadas fake news só pode ter sido minúsculo. A teoria das fake news sobre o trumpismo pressupõe que mentiras são hoje mais importantes na política do que eram no passado; que fatos reais são facilmente distinguíveis de fatos falsos; e que líderes políticos mais civilizados, como Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama, governaram sem mentiras. Há razões para acreditar que a verdade como moeda política foi degradada pelo mainstream político a tal ponto que os outsiders como Trump não são mais um problema para a maioria dos eleitores. De qualquer forma, se houve algo falso na campanha de 2016, claramente isso inclui a autoapresentação de Clinton como uma candidata representativa da classe trabalhadora americana, em oposição a uma classe política que se enriquecia.
26 Para a descrição de um observador participante sobre a vida de imigrantes legais e ilegais em uma das maiores cidades globais de hoje, ver Ben Judadh, This is London: Life and Death in the World City, London, Picador, 2016.
27 Onde eles continuaram social e espacialmente segregados, assim como os grupos imigrantes em seu novo país. Para o caso da França, essa segregação – e seu efeito no comportamento políticoe eleitoral – é impressionantemente descrita por Christophe Guilluy em Le Crépuscule de la France d’en haut, Paris, Flammarion, 2016.
28 T. H. Marshall, “Citizenship and Social Class,” in Class, Citizenship and Social Development: Essays by T. H. Marshall, Garden City, NY, Doubleday, 1964, 71–134.
29 Benedict Anderson, Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism, London, Verso, 2006.
30 Com efeito, isso se sobrepõe ao cosmopolitismo urbano contemporâneo no sentido de rejeitar o nacionalismo e na verdade qualquer outra forma de comunitarismo não apenas como datado mas como moralmente repreensível.
31 Para o caso dos EUA, ver Katherine Cramer, The Politics of Resentment: Rural Consciousness in Wisconsin and the Rise of Scott Walker, Chicago, University of Chicago Press, 2016. O livro de Cramer retrata com um grau de detalhamento magistral a consciência rural dos moradores de pequenas cidades em Wiscosin que em 2016 se tornaram apoiadores de Trump. O conceito de ressentimento remonta a Friedrich Nietzsche, que se refere a coléricas fantasias de vingança e de restauração da justiça nutridas por derrotados e perdedores eternamente impotentes.
32 O contraste entre políticas de identidade e a luta de classes em um sentido amplo, seja através de sindicatos ou nas urnas, é que na luta de classes a solidariedade está mobilizada a serviço de interesses próprios enquanto na política de identidade ela significa sacrificar-se pelo interesse de outros grupos. O altruísmo da política de identidade pode então se tornar mais fácil para os que estão economicamente melhor colocados. Para aqueles que não pertencem a esse grupo, ela pode parecer como uma forma de camuflar interesses egoístas sob o manto da caridade – por exemplo, se as classes médias urbanas, economicamente dependentes de uma rica oferta de mão de obra barata, são favoráveisà abertura das fronteiras para a imigração.
33 Arlie Russell Hochschild, Strangers in Their Own Land: Anger and Mourning on the American Right, New York, The New Press, 2016.
34 No caso da Alemanha, os destinatários de qualquer tipo debenefício da seguridade social estão propensos a comparar seus direitos àqueles de refugiados ou daqueles que procuram asilo,que são geralmente muito maiores, fazendo com que eles se sintam abandonados por seu governo em favor de estrangeiros.
35 Parece que aqui estavam as raízes do movimento de milícia dos anos 1990, provocada involuntariamentepela conversa de George H.W. Bush a respeito de uma nova ordem mundial depois da desaparecimento do comunismo. Espalharam-se rumores de que as tropas da ONU estavam prestes a desarmar a “milícia bem ordenada”dos cidadãos americanos. O movimento culminou em um ataque a bomba no Federal Building na cidade de Oklahoma em 1995 que matou 161 pessoas. É concebível que o trumpismo americano inspire-se em parte em sentimentos similares aos do movimento miliciano dos anos 1990.
36 “Oh, como tudo está longe e há tanto transcorrido”. No século XIX, a “ancestralidade” da nação alemã foi forjada com base na ideia de um modo de vida germânico primordial e idealizado cuja desaparição os românticos lamentavam, enquanto topos retórico e literáriomas também com efeitos políticos. A ideia fundamental nesse caso seria a de Markgenossenschaft (conceito que, em tradução livre, poderia ser vertido como “comunidade primordial”).
A frase também aparece nos dois primeiros versos do poema Klage de Rainer Maria Rilke. Ela se relaciona com o projeto teórico de uma única Alemanha para todas as populações alemãs na Europa.Esse projeto era acalentado por Rilke, poeta de língua alemã nascido em Praga, cidade que fazia parte, à época, do Império Austro-Húngaro. [Nota do tradutor]
37 Mas e Obama? Ele fez isso? Que se lembre que durante sua presidência ele encontrou tempo para jogar nada menos que 38 rounds de golfe todo ano. Sam Weinman, “We’ve Crunched the Numbers, and It’s Official: President Obama Played a Lot of Golf While in Office,” Golf Digest, January 19, 2017.
38 De acordo com a seção 4:“Sempre que o vice-presidente e a maioria dos diretores principais dos departamentos executivos ou de qualquer outro órgão que o Congresso possa, por lei, estipular, transmita ao presidente pro tempore do Senado e ao presidente da Câmara dos Deputados sua declaração escrita de que o presidente não pode cumprir os poderes e deveres do seu cargo, o vice-presidente assumirá imediatamente os poderes e deveres do cargo como presidente em exercício”.